O que odontologia tem a ver com caçar uma rã
em noite de lua cheia e cuspir dentro da boca dela? De certa forma, tudo. Não,
este não é um blog sobre simpatias e você, dentista, está no lugar certo. Isso
porque no passado, mais precisamente no primeiro século da era cristã, um
documento recomendava esse sortilégio para aliviar as dores de dente, problema
ainda relatado diariamente em quase todos os consultórios odontológicos do
planeta. Mas vale lembrar que, de acordo com a receita, só cuspir não
adiantava: era preciso ainda fazer um pedido – talvez dirigido ao miraculoso
anfíbio – para que a dor fosse, de fato, levada embora.
Antes disso, contudo, sabe-se que também
existiam opções menos estranhas para resolver a dor de dente. Um papiro escrito
por volta de 3700 a.C. sugere que os egípcios utilizavam bálsamos naturais para
amenizar o problema. Já os chineses, aproximadamente em 2700 a.C., recorriam à
acupuntura para aliviar as dores que surgiam com as cáries. Inclusive foram
eles, os chineses, que por volta de 600 d.C. criaram as ligas metálicas de
prata e realizaram as primeiras obturações da história.
Barbearias: os primeiros consultórios
odontológicos da história?
Lá pelo século XII – o período das Cruzadas,
onde se popularizaram figuras como o rei inglês Ricardo Coração de Leão e o
português Afonso I – apareceram os cirurgiões-barbeiros, profissionais
especializados em barba, cabelo, bigode e, se fosse preciso, também em arcada
dentária. Na Europa daquele tempo, eles eram chamados aos mosteiros para cortar
o cabelo dos clérigos e acabavam tendo acesso às técnicas médicas e
odontológicas da época, das quais a igreja era a principal detentora.
Posteriormente, esses profissionais aprendiam certos procedimentos e ofereciam
serviços como extração de dentes aos seus habituais fregueses. Era,
indiscutivelmente, um diferencial e tanto.
Felizmente, o conhecimento científico foi
evoluindo e a profissão de dentista foi sendo estabelecida – e técnicas mais
fundamentadas contra dor de dente também. A primeira faculdade de odontologia –
ou o que chegaria mais perto das que conhecemos hoje – surgiu em 1839, nos
Estados Unidos. Chamava-se Colégio de Cirurgia Dentária e foi estabelecida em
Baltimore por Chaplin Harris. No Brasil, o primeiro curso de odontologia foi
criado em 1884, mais precisamente em 25 de outubro daquele ano, mas ainda como
uma extensão do curso de medicina.
Só no Brasil existem mais de 200 cursos de
odontologia e quase 280 mil dentistas
De lá para cá, a odontologia se tornou
independente e, só no Brasil, mais de 200 cursos superiores que lecionam
exclusivamente a prática dela foram criados. Atualmente, temos a maior
população de dentistas do planeta – estimada em 280 mil profissionais – e
nossas faculdades de odontologia figuram entre as melhores do mundo. Mas além
de uma boa formação e um domínio completo da teoria e da prática, o que o
dentista de hoje necessita para exercer plenamente sua profissão e ainda
alcançar o sucesso?
Doenças bucais são facilmente curadas,
sorrisos são realinhados em poucos meses e implantes ultramodernos podem durar
uma vida inteira na boca do paciente. Entretanto, apenas isso (ou tudo isso)
parece não ser o suficiente para um público cada vez mais exigente, que
sustenta um mercado tão competitivo como o odontológico.
Dentista contemporâneo precisa ser
especialista em superar expectativas
Novos conhecimentos e habilidades são
exigidos a todo momento, e o básico provavelmente deixará de ser o que é em
poucos anos. Além de fazer o que seus pacientes esperam que faça, o dentista
contemporâneo precisa ser especialista também em superar expectativas – tal
como os barbeiros do século XII que extraíam dentes e ofereciam esse serviço
como um diferencial.
E afinal, qual é o seu diferencial? Se possui
algum, tem feito a comunicação adequada dele ao seu público-alvo? Luiz Antunes
de Carvalho, dentista português radicado na Argentina do século XIX, ganhou
fama ao fazer anúncios em prosa e verso nos jornais da época. Romanceava as
extrações e afirmava curar todas as “moléstias da boca”. Além de famoso, ficou
rico.
Marketing: fazê-lo ou fazê-lo
Hoje, as possibilidades são infinitas. O
marketing, sob certo aspecto, deixou de ser opcional e se tornou indispensável
para quem deseja uma clínica de sucesso. Administrar a própria imagem e fazer
com que ela seja associada a um serviço de qualidade é um desafio e, para
vencê-lo, saber lidar com pessoas é fundamental.
Enxergar o paciente como um ser-humano único
e complexo e não orientar os atendimentos apenas com foco em alguns dentes ou
em uma arcada já é um bom começo. Entender a história, os traumas e os sonhos
de quem está deitado na cadeira talvez seja uma habilidade que ainda não se
aprenda nas faculdades modernas, mas que certamente será exigida na prática
pelos pacientes.
Existem segredos e receitas para o sucesso?
Tornar-se um profissional completo dentro e
fora do consultório exige inspiração e transpiração. Não há segredo e a receita
é clara: trabalhar duro, dedicar-se com afinco e manter o amor pelo jaleco.
Contudo, se descobrirmos alguma simpatia que facilite o desafio – talvez caçar
rãs em noite de lua cheia ou algo assim – certamente avisaremos.
Fonte: Blog Dental Cremer. Disponível em: http://blog.dentalcremer.com.br/uma-reflexao-sobre-a-profissao-de-dentista/. Acesso em: 28/05/2018.
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